A CLASE TRABALLADORA FRONTE AO IMPERIALISMO

*Umberto Martins [Vermelho]

A teoria e a experiência históricas indicam que o comportamento das classes sociais frente ao imperialismo não é homogêneo. Em geral, nos países mais pobres, a classe trabalhadora do campo e da cidade manifesta uma oposição mais resoluta e radical frente ao imperialismo, ao passo que os capitalistas de um modo geral tendem à conciliação de interesses, aos acordos e à capitulação.

Como podemos definir o imperialismo?

Creio que, de acordo com as concepções formuladas pelo líder da revolução russa, V. I. Lênin, podemos definir o imperialismo como:

- Um sistema de relações sociais entre as nações, estabelecido em âmbito internacional (nos planos econômico, político, militar e ideológico), cujo fundamento é a exploração dos povos e nações mais pobres e atrasados pelas potências capitalistas, imposta através de normas comerciais e financeiras, quando não por meio do poder militar, como se vê, hoje, no Iraque e Afeganistão;

- Uma fase particular do capitalismo, que amadureceu no alvorecer do século 20 e sobrevive até os nossos dias;

- O resultado histórico concreto e necessário do processo de acumulação, expansão, concentração e centralização do capital, que extrapolou as fronteiras nacionais, resultando na formação das grandes empresas e evoluiundo para as modernas transnacionais.

Capitalismo globalizado

O imperialismo é a expansão do capitalismo desde os centros mais desenvolvidos (Europa, EUA e Japão) para a periferia na Ásia, América Latina e África, num processo praticamente concluído durante o século passado. É o capitalismo internacionalizado ou globalizado.

É importante sublinhar que a expansão imperialista do capital, que não raro implica em anexações e guerras, ocorre principalmente através da exportação de capitais.

Capitalismo monopolista

O imperialismo significou a superação do capitalismo concorrencial pelo capitalismo monopolista, a substituição de um capitalismo dominado por pequenas e médias empresas por um capitalismo liderado por grandes empresas. Todavia, o imperialismo não aboliu as fronteiras nacionais, não acabou com a concorrência entre os monopólios e acirrou as contradições entre as potências pela conquista de mercados e partilha de áreas de influência nos países submetidos ao seu domínio. O imperialismo não é a expressão apenas de uma orientação política e não se transformou em “império” ou em ultra-imperialismo, como imaginaram alguns analistas.

Como um produto final da expansão do capitalismo, o imperialismo significa a progressiva abolição de fronteiras à exploração da força de trabalho pelo capital e à expansão da empresa capitalista. Ao se expandir, o capital não só ampliou o universo físico ou territorial da exploração do trabalho pelo capital. Também elevou a taxa de exploração da força de trabalho (ou a taxa de mais-valia), visto que o valor dos salários pagos na periferia do sistema é bem inferior ao praticado nos centros, fenômeno que não se explica apenas pelo diferencial de produtividade entre as nações.

Nações e classes

Podemos verificar, por conseqüência, que existe uma identidade entre a exploração imperialista das nações e a exploração da classe trabalhadora pelos capitalistas. Em essência, a exploração imperialista, estabelecida pelos monopólios e pelos Estados imperialistas, é a exploração capitalista ampliada à escala mundial.

Isto não significa que a classe trabalhadora seja a única classe afetada pelo imperialismo, cujos efeitos oprimem um conjunto bem mais amplo da sociedade, incluindo parcelas expressivas das classes dominantes. Mas, certamente indica que a classe trabalhadora é a principal força interessada na luta conta a espoliação imperialista.

Conduta classista

A teoria e a experiência históricas indicam que o comportamento das classes sociais frente ao imperialismo não é homogêneo. Em geral, nos países mais pobres, a classe trabalhadora do campo e da cidade manifesta uma oposição mais resoluta e radical frente ao imperialismo, ao passo que os capitalistas de um modo geral tendem à conciliação de interesses, aos acordos e à capitulação.

Na América Latina esta diferença de comportamento político transparece claramente no posicionamento das classes sociais frente ao neoliberalismo. O neoliberalismo é uma política concebida para satisfazer os interesses do capital financeiro internacional, embalada numa ideologia falsa, que teve e em geral tem duas conseqüências principais: amplia a espoliação das nações mais pobres pelas potências capitalistas e eleva ou busca elevar a taxa de exploração da força de trabalho pelos capitalistas em todo o mundo, inclusive na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

Índios e camponeses

Em aliança com governos locais reacionários, o imperialismo praticou e pratica em larga medida a opressão étnica dos povos indígenas e se vale de todo tipo de discriminação para obter vantagens e submeter as nações mais pobres. Cumpre também realçar a espoliação dos camponeses.

Quem atua no movimento sindical conhece bem o caráter reacionário e o alcance da ofensiva do capital contra o trabalho embutida nas políticas neoliberais. Por esta razão, entre outras, o comportamento da classe trabalhadora, dos povos indígenas e do campesinato em relação ao neoliberalismo na América Latina (das organizações sociais associadas aos interesses do trabalho) foi de combate e crescente resistência, apesar das divergências e da ação da direita neoliberal nos chamados movimentos sociais.

Associação de interesses

A conduta das burguesias nacionais não foi a mesma. O imperialismo exerce seu domínio em parceria com forças locais. As burguesias nacionais da periferia costumam associar seus interesses e seu destino aos do capital financeiro internacional. Assim, o neoliberalismo tornou-se hegemônico e foi aplicado por intermédio de uma aliança política do imperialismo, em especial os EUA, com as classes dominantes locais.

Tal aliança foi encarnada e personificada em figuras como Augusto Pinochet no Chile, Carlos Menem na Argentina, Carlos André Peres na Venezuela ou Fernando Henrique Cardoso no Brasil. Todos esses líderes da direita neoliberal praticaram uma política de submissão aos EUA, ao FMI e ao Banco Mundial, privatizando, liberalizando e desnacionalizando a economia, bem como empreendendo uma dura ofensiva contra as conquistas e os direitos arrancados pela classe trabalhadora ao longo de mais de um século de lutas.

Depreciação do trabalho

Os interesses do imperialismo e das burguesias locais convergem precisamente no objetivo comum de depreciar a força de trabalho; reduzir o valor dos salários e aposentadorias; precarizar os contratos; redimensionar a ação do Estado, com políticas públicas, incluindo a política econômica, orientadas no sentido de saciar a ganância de uma oligarquia financeira, nacional e estrangeira, em detrimento dos interesses populares e nacionais.

O neoliberalismo reforçou os laços de dominação imperialista, agravando os problemas econômicos e sociais decorrentes da crise da dívida externa, deflagrada em 1882 pela moratória mexicana. Seus nefastos efeitos despertaram a revolta dos povos, o que se desdobra em mudanças positivas e promissoras no cenário político da nossa América Latina.

Interesses entrelaçados

O entrelaçamento da questão nacional, que se traduz na necessidade de encontrar um caminho soberano para o desenvolvimento dos países periféricos, com a luta da classe trabalhadora contra a exploração capitalista ficou evidente na revolução bolivariana liderada por Hugo Chávez na Venezuela. .

Chávez combatia o neoliberalismo e tinha por objetivo um projeto alternativo, não completamente delineado, porém soberano diante das potências capitalistas e que buscava satisfazer interesses populares negligenciados e violentados pelas elites burguesas e os latifundiários da Venezuela ao longo dos anos.

Luta de classes

Ao tentar levar adiante o seu programa de governo, que contemplava a reforma agrária e outras bandeiras populares, o presidente venezuelano se deparou com uma feroz reação da direita e do imperialismo, que culminou no golpe de 2002 e, naquele ano, numa prolongada paralisação do ramo petrolífero que colocou em xeque a produção e distribuição de energia no país.

A conduta das forças reacionárias acirrou a luta de classes na Venezuela e Hugo Chávez parece ter percebido que não poderia avançar na direção de um projeto de desenvolvimento soberano, alternativo ao neoliberalismo, sem antes vencer a resistência enérgica e radical dos grandes capitalistas e latifundiários, associados aos EUA, à mudança do status quo.

Socialismo

Daí a radicalização da revolução bolivariana, que passa a adquirir um caráter proletário mais pronunciado e proclama o objetivo mais ousado e avançado da nossa época: o socialismo do século 21, resgatando uma perspectiva que muitos consideravam definitivamente perdida, inclusive nos círculos de esquerda. O socialismo, por definição, é o sistema social fundado nos interesses da classe trabalhadora em oposição ao capitalismo, que é o sistema imposto e usufruído pelos capitalistas.

A classe trabalhadora é, hoje em dia, a principal força social interessada e engajada na conquista de uma efetiva soberania econômica e política para as nações latino-americanas, na luta pelo desenvolvimento com justiça social, pelo cancelamento das dívidas externas dos países mais pobres, contra as privatizações, contra a degradação social e ambiental.

Desenvolvimento nacional

Tendo em vista a identidade entre os interesses da classe trabalhadora e os interesses nacionais dos povos que habitam nossa América Latina podemos imaginar o papel proeminente que o movimento sindical pode e deve desempenhar na luta por mudanças sociais, que hoje conta em diferentes países com o respaldo dos governos.

O fracasso político do neoliberalismo coloca na ordem do dia a necessidade de elaborar e implementar novas estratégias e modelos de desenvolvimento nacional. A classe trabalhadora e os sindicatos não podem ficar alheios ao debate sobre os novos rumos que devem ser abertos, não estão alienados da questão do desenvolvimento nacional, que naturalmente tem suas particularidades locais.

O modelo neoliberal de desenvolvimento, que na verdade foi uma negação em termos de desenvolvimento, teve como um dos seus principais fundamentos a depreciação da força de trabalho. Em oposição a esta orientação reacionária, o movimento sindical deve levantar a bandeira do desenvolvimento nacional com soberania e valorização do trabalho.

Ao contrário do pensamento neoliberal, a valorização do trabalho deve ser concebida e percebida não apenas como um objetivo, mas igualmente como uma fonte do desenvolvimento, um estímulo ao crescimento das forças produtivas através do fortalecimento dos mercados internos, assim como da elevação da qualidade e da produtividade do trabalho. Os interesses da classe trabalhadora e dos povos não se opõem ao desenvolvimento nacional dos países mais pobres.

Bandeiras desenvolvimentistas

As bandeiras do trabalho devem ser levantadas como bandeiras do desenvolvimento com soberania, igualdade e justiça. A redução da jornada de trabalho sem redução de salários, por exemplo, além de reduzir o nível de desemprego tende a aumentar a massa salarial, fortalecer o mercado interno e elevar a qualidade e a produtividade do trabalho. Seus efeitos favorecem o crescimento das forças produtivas e não o contrário, como supõe o patronato e os ideólogos burgueses.

Parece evidente que a evolução das nações latino-americanas na direção de novos modelos de desenvolvimento, alternativos ao neoliberalismo e em oposição ao imperialismo, compreende em primeiro plano a luta contra a Alca e os planos dos EUA para o continente americano, com destaque para os acordos bilaterais de livre comércio.

Solidariedade

As organizações ligadas à classe trabalhadora sempre estiveram na linha de frente das batalhas contra a Alca e os TLCs e também têm respaldado as iniciativas dos governos progressistas que visam uma integração política e econômica dos países latino-americanos fora da esfera de influência de Washington, incluindo a Alba e o Mercosul.

É indispensável lutar para conferir aos esforços de integração um caráter social e um espírito de solidariedade maior. É essencial que a classe trabalhadora tenha um protagonismo mais relevante nas lutas nacionais e no movimento de mudanças que já está em curso.

Integração das lutas

Isto nos remete à necessidade de integração das lutas e dos movimentos sociais. O Encontro Sindical Nossa América, realizado nos dias 5 a de maio em Quito (Equador), foi um passo importante nesta direção. O desafio é grande, dadas as imensas dificuldades com que as organizações populares e o sindicalismo, em especial, se defrontam hoje. Mas, é preciso enfrentá-lo.

O imperialismo vem sofrendo derrotas políticas significativas. A hegemonia de Washington está em crise, enfraquecida pelo parasitismo econômico e pelo desenvolvimento desigual, que conforme notava Lênin constituem duas leis implacáveis do desenvolvimento das nações sob o imperialismo. A queda do dólar, a valorização do euro e a ascensão da China são sintomas e reflexos da atuação dessas duas leis que promovem a decadência dos EUA. A compreensão desses dois conceitos é indispensável para entender um pouco do que se passa na chamada economia internacional.

Parasitismo

O parasitismo se manifesta, entre outras formas, através do consumismo desenfreado da sociedade estadunidense, sobretudo das famílias mais ricas, fenômeno refletido no gigantesco déficit comercial, que ultrapassou 800 bilhões de dólares em 2007; na maior divida externa do planeta, estimada em cerca de 12 trilhões de dólares e numa necessidade de financiamento externo que requer a atração de mais de dois bilhões de dólares do exterior diariamente ou a emissão inflacionária das verdinhas.

A outra face do parasitismo é uma taxa de poupança próxima de zero. Tio Sam come, veste e vive à custa alheia. Transformou-se num velho gigante obeso e ineficiente. Sem gerar poupança interna, o capitalismo estadunidense se reproduz à base dos investimentos estrangeiros, provenientes principalmente da China, Japão e União Européia.

Baixa acumulação

Esta situação indica uma taxa de acumulação de capitais interna bem inferior às verificadas no interior das potências rivais e expõe a crescente dependência e vulnerabilidade da maior economia do mundo. Se os governos e empresários estrangeiros decidirem não mais financiar o parasitismo ianque, o país vai mergulhar na estagnação, terá de reduzir drasticamente o consumo e poupar mais. Um ajuste interno nesta direção, similar ao realizado no Brasil durante a crise da dívida externa, pode ser precipitado pela decomposição do padrão dólar.

É interessante apreciar a interação do parasitismo e da decadência do império com a evolução econômica das outras potências, no curso do desenvolvimento desigual das nações. Ao longo do tempo, o déficit comercial norte-americano, recorrente desde 1971, corroeu a competitividade da indústria doméstica, enquanto estimulava o crescimento da produção em outros países, notadamente na Ásia, onde se destaca a expansão extraordinária das exportações chinesas.

Ascensão e queda

Assim, o parasitismo e a decadência dos EUA funcionam como uma contrapartida necessária da ascensão da China, da Alemanha e do Japão. Muitos economistas já notaram que o déficit comercial que o centro do imperialismo mundial vem acumulando despreocupadamente ao longo das últimas décadas é a via preferencial para a realização do capital asiático e europeu.

A expansão imperialista do capital japonês e alemão, assim como a ascensão da China, não seriam viáveis (pelo menos nos moldes da atual “globalização”) sem as condições econômicas criadas pelo irrefreável parasitismo da sociedade norte-americana, com seu apetite insaciável por mercadorias importadas e o vício inebriante de viver além dos próprios meios que produz. Ascensão, de um lado, e queda do outro são parte de um mesmo movimento histórico.

Contradição bizarra

Refletindo o parasitismo, o consumo já responde por mais de 70% do PIB nos EUA e chegou a crescer inclusive na recessão de 2001, enquanto a produção interna declinava. A contradição bizarra entre consumo e produção, neste caso, se explica pelo aumento das importações e, conseqüentemente, do passivo e da dívida externa, que acentuaram a decomposição do padrão dólar. Em função do consumo e das importações excessivas, já se disse que a economia estadunidense é movida a cartão de credito.

Em certo sentido isto é verdade, mas longe de representar um progresso ou uma tendência natural do desenvolvimento e das economias mais maduras (como sugerem os ideólogos capitalistas), trata-se de uma aberração, um sinal de decadência e parasitismo A expansão do credito estimulou a invenção de novas modalidades de investimentos financeiros, a especulação e a irresponsabilidade da banca internacional. Certamente a crise financeira atual tem muito a ver com isto.

Desenvolvimento desigual

Como já foi dito, o parasitismo anda de mãos dadas com o desenvolvimento desigual. O entrelaçamento desses fenômenos torna irresistível a decomposição do império. No passado, o parasitismo americano alimentou a expansão imperialista do Japão e da Alemanha. Atualmente, ajuda a ascensão da China, que tem um sentido histórico distinto.

Interligada à crise dos EUA observa-se a emergência e o aguçamento de problemas e contradições que ampliam a crise do capitalismo internacional. É o caso da nova crise do petróleo, do aumento dos preços dos alimentos e do desemprego em massa que acompanha a expansão capitalista e a crescente concentração da renda entre as nações e no interior destas entre as diferentes classes sociais. As potências européias patinam no baixo crescimento e o Japão ainda padece os efeitos da estagnação dos anos 1990.

Ascensão da China

O capitalismo não parou de crescer e se expandir, porém o desenvolvimento desigual, que hoje favorece principalmente a China e os países ditos emergentes da Ásia e da América Latina, está alterando o equilíbrio de forças entre as nações e promovendo de forma objetiva, independente da vontade dos imperialistas, transformações de vulto no cenário econômico e diplomático mundial, criando uma conjuntura promissora que pode favorecer as forças progressistas e antiimperialistas.

É no rastro histórico da decadência dos EUA que cresce o movimento pela emancipação dos povos da América Latina. Mesmo a ALCA perdeu força em função do declínio estadunidense. Aí também se compreende a ascensão da China, que embora desperte contradições em certos ramos da indústria latino-americanas (especialmente no México e Brasil), é substancialmente diferente da expansão imperialista das potências capitalistas.

Contraponto ao imperialismo

A China pratica um modelo de desenvolvimento que seus dirigentes denominam de “socialismo de mercado”. Há décadas cresce de forma ininterrupta e ainda não conheceu as crises cíclicas típicas do capitalismo. O governo comunista incrementa com sucesso o crescimento das forças produtivas com uma orientação diferente do neoliberalismo, como sugere a nova legislação trabalhista aprovada em outubro do ano passado. É também solidário com Cuba, com a Venezuela e outros governos progressistas da nossa região, constituindo um contrapeso importantíssimo ao imperialismo estadunidense.

Embora em crise, o imperialismo não está morto e reage com violência para recompor sua hegemonia. Acontecimentos recentes, dos quais cabe destacar a violação do território equatoriano pela Colômbia e as iniciativas separatistas na Bolívia, indicam que o imperialismo, em aliança com as forças conservadoras locais, procura criar condições para a contra ofensiva. Os golpes de abril (em 2002 na Venezuela) e a tradição intervencionista dos EUA revelam até onde os imperialistas querem e podem chegar neste sentido.

Luta pela paz

É conveniente lembrar que o capitalismo, em sua fase imperialista, ao contrário do capitalismo concorrencial, não promove o livre comércio e muito menos relações harmoniosas entre as nações. É francamente hostil à paz, favorece o protecionismo cínico das grandes potências, objetiva tão somente a maximização dos lucros das transnacionais e conduz inapelavelmente à guerra.

As duas guerras mundiais podem e devem ser debitadas na conta do imperialismo. O pós guerra não foi um período muito pacífico e hoje vemos recrudescer claramente o caráter belicista do sistema, com os conflitos infames movido pelos EUA e outras potências capitalistas contra os povos do Iraque e Afeganistão, que já resultaram em milhões de mortos e refugiados. Sabemos, por aqui, o quanto o governo Bush aposta na divisão e na guerra. Podemos estar certos de que enquanto viver sob o imperialismo, a humanidade não conhecerá a paz. A luta conseqüente pela paz mundial, que ganha maior relevância com o declínio americano, é, em essência, uma luta antiimperialista.

Consciência de classe

O neoliberalismo também não foi definitivamente derrotado. É necessário ampliar a mobilização e conscientização das massas trabalhadoras para lutar, ao lado de outras forças progressistas, por dois objetivos interligados: derrotar a reação neoliberal e impulsionar ações transformadoras. A luta no plano ideológico, pela conquista dos corações e mentes da classe trabalhadora e elevação da consciência social, não é coisa simples ou fácil, principalmente quando temos em mente a força e influência da mídia capitalista, que joga no sentido oposto.

Os trabalhadores e trabalhadoras, incluindo camponeses e indígenas, devem assumir a direção da luta pela conquista da efetiva soberania, contra o imperialismo e o neoliberalismo, luta que tem caráter nacional e deve envolver outros setores da sociedade, mobilizar a juventude, as mulheres, os negros, os homossexuais, refutando todas as formas de preconceito e discriminação, usados pelo capitalismo para dividir os povos, aumentar o grau de exploração e maximizar os lucros.

Protagonismo

Não só o movimento sindical, mas as organizações e os movimentos sociais de uma forma geral, os ambientalistas, os patriotas, organizações governamentais e governamentais, precisam ser engajados nesta luta.

O processo de mudanças só avançará e consolidará o seu sentido progressista, abrindo caminho à valorização do trabalho e ao socialismo do século 21, se lograrmos elevar o protagonismo da classe trabalhadora e das amplas massas oprimidas nas lutas políticas nacionais e no conjunto da América Latina. Eis o grande desafio do movimento sindical e dos partidos e organizações progressistas.

*Umberto Martins, Jornalista, membro da Secretaria Sindical Nacional do PCdoB.

[Artigo tirado do sitio web brasileiro ‘Vermelho’-Brasil]

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