Editorial sobre a Revolução de Outubro no Avante! [PCP]
“O significado e as consequências da Revolução de Outubro – traduzidas nos mais importantes avanços civilizacionais alguma vez alcançados pelos trabalhadores e pelos povos – fazem dela o mais relevante acontecimento ocorrido no século XX”
Comemora-se amanhã o 91º aniversário da Revolução de Outubro, primeiro grande acto de ruptura com o capitalismo e a exploração do homem pelo homem e ponto de partida para a primeira grande tentativa, na história da humanidade, de construção de uma sociedade nova, liberta de todas as formas de opressão e de exploração.
O significado e as consequências da Revolução de Outubro – traduzidas nos mais importantes avanços civilizacionais alguma vez alcançados pelos trabalhadores e pelos povos – fazem dela o mais relevante acontecimento ocorrido no século XX.
A União Soviética, nascida da Revolução, foi o primeiro país do mundo a pôr em prática todo um vasto conjunto de direitos humanos, como o direito ao trabalho, o horário das oito horas, as férias pagas, a igualdade entre homens e mulheres, o direito à saúde, à segurança social, ao ensino, à cultura, à infância, à velhice, enfim os direitos a que todo o ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito – muitos dos quais se estenderam progressivamente a milhões de trabalhadores de outros países que os conquistaram através da luta, estimulada, ela própria, pelo exemplo da Revolução de Outubro.
É significativo que hoje – 91 anos depois de Outubro e quase vinte após o fim da URSS - essas conquistas constituam os alvos prioritários da ofensiva do capitalismo internacional contra os trabalhadores e constituam linhas essenciais da política do Governo PS/Sócrates, visíveis designadamente no famigerado Código do Trabalho.
Assinalando o 7 de Novembro, é indispensável sublinhar o papel decisivo desempenhado pela URSS enquanto protagonista principal da resistência à ambição nazi-fascista de domínio do mundo – ambição derrotada essencialmente pelo povo soviético e pelo seu Exército Vermelho, à custa de mais de vinte milhões de mortos: homens, mulheres e jovens que morreram pela liberdade de toda a humanidade, pela democracia e pela paz no mundo; que morreram a defender a Vida.
E é igualmente imperioso sublinhar o papel da URSS na luta libertadora dos povos e na liquidação do colonialismo, bem como na solidariedade activa ao combate contra todas as ditaduras fascistas, sustentadas pelo imperialismo norte-americano – e recordar que, no caso de Portugal, enquanto o regime fascista contou, até ao seu último dia de vida, com o apoio dos EUA e das democracias burguesas europeias, os resistentes antifascistas contaram sempre com o apoio fraterno e solidário da URSS e dos restantes países socialistas – da mesma forma que a Revolução de Abril foi, desde o seu primeiro dia de vida, um alvo dos ataques dos que haviam apoiado o fascismo e contou, desde o seu primeiro dia de vida, com o apoio dos que haviam ajudado a derrotá-lo.
E é significativo que o nosso País esteja, hoje, por efeito de 32 anos de política de direita, totalmente nas mãos dessas potências que apoiaram o fascismo e combateram Abril.
Lembrar a Revolução de Outubro, impõe necessariamente ter em conta essa tragédia para toda a humanidade que foi a derrota do socialismo e a destruição da URSS.
A análise profunda e rigorosa das causas dessa derrota, dando continuidade à reflexão colectiva do PCP desde o XIII e XIV Congressos, apresenta-se como questão crucial e é, naturalmente, tema em debate no processo preparatório do XVIII Congresso.
Trata-se, ao fim e ao cabo, de analisar como foi construído e como foi destruído o socialismo na União Soviética e de, assim, ficarmos em melhores condições para prosseguir a luta pelo socialismo com reforçada confiança e para mobilizarmos as massas para esse objectivo – demonstrando que, ao contrário do que propalam os fazedores da revisão contra-revolucionária da história das revoluções, o que é negativo não é essa primeira grande tentativa de construir uma sociedade socialista: o que é negativo é a derrota dessa tentativa. Facto que emerge, de forma inequívoca, se olharmos as consequências dessa derrota: em comparação com o tempo em que existia a URSS, o mundo é hoje menos livre, menos democrático, menos justo, menos solidário, menos pacífico.
O objectivo imperialista de domínio do mundo tem conduzido a trágicos recuos civilizacionais: acentuação da exploração dos trabalhadores; aumento da pobreza e da fome; empobrecimento crescente da democracia; limitações crescentes das liberdades fundamentais; ataques brutais à soberania e à independência dos povos conduzindo a novas formas de colonialismo e a guerras de ocupação à custa de centenas e centenas de milhares de vidas humanas. Tudo isto camuflado por uma intensa ofensiva ideológica de diabolização do comunismo e de
santificação do capitalismo.
Mas ao contrário do que apregoam esses cangalheiros frustrados, o comunismo não morreu e o desaparecimento da URSS não foi o fim da história: como a luta dos trabalhadores e dos povos mostra, a Revolução de Outubro, iniciando a época da passagem do capitalismo ao socialismo, confirmou a inevitabilidade histórica da derrota do primeiro e da vitória do segundo.
É nessa perspectiva que os comunistas portugueses prosseguem a sua luta e continuam a afirmar que o projecto de sociedade que é seu objectivo maior tem as suas raízes essenciais nos valores, nos princípios, nos êxitos da Revolução de Outubro, cujos ensinamentos constituem uma referência de todos os dias – na luta contra a política de direita e por uma alternativa de esquerda, tendo sempre no horizonte o socialismo e o comunismo.
E venceremos.